quinta-feira, 9 de junho de 2011

Voando

Um passarinho passa e diz
- voe se souber pousar,
Escuta o vento, o sujo vento,
Carregando as terras, o pó.

Pobre mundo, de tão pobre fica minha mente,
Que me arrasta ao fundo dessa enorme engrenagem,
Nada vai, nada que não existe,
Voe se souber guiar-se.

Não quero, não gosto dessa pedra,
Talvez seja um telhado que encobre o meu cérebro,
E esse rio que não muda seu sentido,
É só água, é só água, água suja...

Vamos montar um quebra-pessoas,
E sair correndo da maquina risonha,
Das cortinas de um simples graveto,
E no dia seguinte, acordar como nada houve-se ocorrido.

Hoje sou apenas uma cadeira velha,
Virada a esquerda de uma mesa,
 A frente de uma porta fechada,
E o leito do rio continua sujo,
E o passarinho voa, temporariamente pousa.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Me ri

Canto, descanto minha pobre voz,
Que se atirou no precipício,
Perdi minha tiara de versos,
Me ri, e ri do mundo,
Sem ter algo a dizer,
Sem defesa, ou tiras listradas, grisalhas,
Para que eu possa sobreviver,
E me ver inteira, talvez aos pedaços
De vidros que me cortará,
Por ter sido tola.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Espaço

Jogou-se uma pedra no espaço,
E ele explodiu em cacos cortantes,
Cegando cada olho do povo, do nosso povo,
No Brasil dividido em partes, cada um é um bicho geográfico,
Que pula de galho em galho,
Procurando uma moita pra se esconder, procurando a razão, a vida que tanto espera
Pra ser vivida com tão pouco valor,
A muitos muros dividindo, separando os coices da mula
Da própria mula que carrega todas nossas cargas e bagagens,
Viajemos as estrelas, e nem pouco conseguirei meu espaço, no espaço deserto.
( Cintia Mara da Silva )

domingo, 27 de março de 2011

Mas um poema no meu vazio,
Infinitos vazios me deixam doente,
Vou indo, lindo,
Sabendo que amanhã me cairá uma pedra sobre a cabeça,
E serei mais uma,
Mais uma lembrança
Torta e fria. Que lembrarei.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 18 de março de 2011

Que mundo vivo?

Que dia molhado é esse?
Que me enche os olhos de água,
Que dia mais úmido e frio como este, salvaria o mundo,
Que vento ventaria o mais longe e profundo?
Que, o que seria este mundo?
Longo e for tuno, com pernas compridas.
Que óculos serviriam as pessoas?
Que tantas palavras caberiam a vida?
Que tantos olham o mar sem ter visto a vista.
Que, o que seria esse mundo?
Um pavio acesso a explodir bombas,
Que unifica nosso país?
Que versos caberia meus poemas a ser feliz!?
Vaga sem rumo o poema vazio,
Que aparece em ventanias e tempestades escuras.
Meu poema que sou! Me diz se sobrevivo a isso!?
Eu digo, sim.
Porque é uma dor que eu vivo, e sinto na alma das pessoas.
( Cintia Mara da Silva )

terça-feira, 8 de março de 2011

Guerra n° 1

Lagrimas caem ao chão,
Uma bomba explode,
E tudo fica cinza
Junto com outras cinzas,
As tristezas desse vendo a guerra da injustiça,
Das bocas que se fecham,
Do medo que grita baixinho,
Tremendo debaixo do porão,
Sobrevive dizendo eu sou livre.
( Cintia Mara da Silva )

terça-feira, 1 de março de 2011

A Caçada

Um apodrecimento,
velho, listrado, afastado, arrastado,
jogado fora, na lixeira,
na sujeira, a vida morre,
e fogem os ratos, os rostos se escondem
nas casas, nas lojas e dentro dos bueiros,
foge, a caçada se torna prisão, poeira,
ferrugem na linha do tempo corre,
sumindo na mascara da velhice,
dorme.
( Cintia Mara da Silva )

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vento

Saio andando a rua,
um vento passa friamente suave, e mudo,
talvez tenha passado perto de um muro,
perto de um morto, ou de muitas lágrimas maduras,
esse vento que vem de outros lugares e mares,
visto na chuva, nas folhas das árvores,
também visto de longe naquele moinho, levando o pó da terra,
e ao alto as nuvens flutuando no tempo vento, que carrega,
pode ter ido ao longe ventado barulhos da vizinhança, trazendo fofocas,
e ter se desfeito na calma margem urbana de carros,
prédios e casas, nas grandes cidades movimentadas.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Olhando o asfalto

Estão cortando o asfalto,
Um barulho avança, pedregulhos
Pula espalhando ao chão.

Estão furando um buraco
Bem perto do trânsito agitado.

Estão remendando o asfalto,
Cansado de ser pisado,
Em partículas misturadas.

Estão remendando as pessoas,
Quebradas de ser amassadas,
Feitas operarias, se gastão a face.

Estão remendando o poeta, irritado
Do barulho vazio sem verso, sem estrada.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Matando a sede

Deslizando as águas, numa cor marrom,
Das montanhas derretendo cada parte,
Muitos mortos sobre o piso que afunda,
Rios descem, rios sobem tudo molha.
( Cintia Mara da Silva )

sábado, 1 de janeiro de 2011

Ano novo

Ano novo de outro mais velho,
Renovando com os poucos fogos de artifício,
E os cantos de cantores vão indo a festa,
Tudo esta agitado, que parece estar na esquina,
A noite levanta-se como a noite passada,
Mais barulhenta virando, a madrugada,
Já não é como as festas passadas,
Já não é novidade, só lembranças que o tempo levou,
Do que adianta desejarmos um feliz ano novo
Se será depois de amanhã a mesma coisa,
A palavra feliz, me estranha olhando tudo de novo,
Se esperarmos que o outro ano chegue logo,
É pra fugir das coisas que nos chateia de estresse,
A festa se torna remédio pra tudo,
O ano novo a esperança que cerca algum dia, um mundo feliz,
Como o natal morreu, o ano novo se foi, começando um mais velho,
Sem cabeça, sem celebro, sem braços, sem pernas,
O novo fica mais empoeirado, enferrujado,
Como cada dia, a vida amanhece sem mais uma rosa,
Tudo vai morrendo, se acabando,
Com muitos anos novos a ser feliz, num só momento esperando.
( Cintia Mara da Silva )