Um passarinho passa e diz
- voe se souber pousar,
Escuta o vento, o sujo vento,
Carregando as terras, o pó.
Pobre mundo, de tão pobre fica minha mente,
Que me arrasta ao fundo dessa enorme engrenagem,
Nada vai, nada que não existe,
Voe se souber guiar-se.
Não quero, não gosto dessa pedra,
Talvez seja um telhado que encobre o meu cérebro,
E esse rio que não muda seu sentido,
É só água, é só água, água suja...
Vamos montar um quebra-pessoas,
E sair correndo da maquina risonha,
Das cortinas de um simples graveto,
E no dia seguinte, acordar como nada houve-se ocorrido.
Hoje sou apenas uma cadeira velha,
Virada a esquerda de uma mesa,
A frente de uma porta fechada,
E o leito do rio continua sujo,
E o passarinho voa, temporariamente pousa.
( Cintia Mara da Silva )