segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Morto

Um grande torto que cai macio,
bem leve pena afunda o mar.
As gigantes zonas mordidas
foram repartidas em fios,
foram dormindo nas escaladas,
outras cairam no rio,
virando peixe morreu calado,
e muito pó comido do morto
sobrou pra ser bebido.
( Cintia Mara da Silva )

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Vazio Sorrindo

Fico olhando aquele, aqueles dentes
com olhar maldoso de alegria.
Emburrecidas palavras, listadas, vazias,
no-velando o fio sorteado na ponta fina.
Colocando cigarras para cantar,
cantar no chiado radio que não chia.
Bagunçadas vozes, não escuto.

Enchendo de areia os olhos, em lágrimas caindo.
O fogo comia a árvore, cheia de aros que gira,
a árvore morria sorrindo,
nem mesmo saberia pra onde ir
a vida que se engolia sorrindo.
Sim! engole sorrindo
pra não falar que esta vazia.

Nem mesmo os mortos são mais mortos,
são espíritos que falam com gente viva!
São flores, são santos, são ventos que suspiram,
longe, tão longe do céu daqui, que está aqui.
... O que chamamos de PARAÍSO mesmo!?
Adão e Eva mordeu a fruta bondosa,
e saíram vagalumiando por aí, nas moitas.
Agora és nosso paraíso que sumiu?
De outras  benditas lágrimas, salgou o navio.
( Cintia Mara da Silva )